Lígia Piriz atua como analista jurídico na Softplan há 4 anos. Em, 2005, concluiu o curso de Direito no Centro Universitário Newton Paiva, em Belo Horizonte, e logo em seguida obteve o registro da OAB (Ordem dos Advogados). Em Minas Gerais, advogou nas áreas Trabalhista e Civil e atendeu demandas de processos de falência de empresas. A mudança para Florianópolis ocorreu dois anos depois da formatura e ao chegar em Santa Catarina atuou no escritório Sérgio Schulze Advogados Associados e Cabanellos Schuch Advogados Associados em áreas como Direito Bancário e Direito do Seguro.
Como foi a transição dos escritórios de advocacia para o trabalho como analista jurídico em uma empresa do porte da Softplan?
Eu costumo dizer que o escritório Cabanellos Schuch me preparou para trabalhar na Softplan, pois na época em que trabalhei lá, eles estavam tirando a roupagem de escritório de advocacia tradicional e passando a se comportar como uma empresa. Lá havia muitos processos formais, judiciais, processos internos do escritório, como por exemplo, organizações, petições, protocolo, gerenciamento de prazos, procedimentos internos. No começo, trabalhava com uma carteira com 1.500 processos e atendia as demandas dos bancos, depois migrei para uma carteira de clientes na área securitária, com menor volume (340 processos).
A segunda era mais complexa, pois estava ligada às defesas referentes aos contratos de seguro e as responsabilidades da seguradora em face do contrato. Mas quando aceitei o trabalho de analista jurídico na Softplan buscava a estabilidade de um emprego que garante a previsibilidade de um salário com valor fixado no final do mês, diferente dos escritórios, onde os honorários mensais variam bastante e é necessário captar clientes. Ao chegar na Softplan fui recebida por pessoas preocupadas em repassar conhecimento.
O analista jurídico é responsável por contratos específicos, analisa as cláusulas dos contratos com o objetivo de melhorar o relacionamento da empresa com o cliente. Quando cheguei aqui, por não conhecer os contratos que eram muito extensos e continham muitas regras, demorei cerca de 6 meses para ficar completamente ambientada com o contrato, os clientes e a empresa. Os gerentes aceitam contribuições de melhorias, então a transição foi tranquila. Havia reuniões constantes com os clientes, o que permitia ter uma maior sinergia e compreensão desta nova realidade.
Quais são os desafios do analista jurídico?
A grande diferença entre o trabalho no escritório de advocacia e o mundo corporativo é a previsibilidades das atividades. Nos escritórios você vai atender diferentes demandas dos clientes mas quando você trabalha em uma empresa como analista jurídico, você é responsável pelos contratos da empresa e precisa atuar no relacionamento dela com os clientes. Eu me preocupo com o interesse da Softplan e dos seus clientes e o grande desafio em trabalhar nessa área é se manter atualizado em assuntos que são de interesse dos clientes. Não tem como comparar as duas rotinas pois elas são muito diferentes, mas ambas exigem conhecimento especializado.
O mercado atual exige que as pessoas sejam especialistas em uma área, não existe muito espaço para os generalistas, pois um profissional focado em uma área consegue contribuir para o desenvolvimento estratégico da empresa. Pra mim, foi uma boa escolha abrir mão da carreira na militância e vir trabalhar no departamento jurídico de uma empresa.
Qual o perfil profissional do analista jurídico?
O profissional precisa saber trabalhar em equipe e abrir mão da liberdade que tem atuando em um escritório de advocacia. Lá, ele tem os clientes dele, pode escrever as peças à noite, de dia, vai trabalhar de acordo com sua disponibilidade e preferência. Mas quando trabalha na área corporativa é preciso se inserir dentro dos processos da empresa: as demandas dele interferem nas demandas da equipe. O trabalho de um colaborador serve também para outro membro da equipe. É necessário dividir as atividades com outras pessoas, interagir, ter sinergia, ser produtivo e saber se comportar com o cliente da empresa.
E qual a formação do analista jurídico?
Depende muito da área de atuação da empresa. Na Softplan, as demandas estão mais ligadas ao Direito Civil e Administrativo. Mas acredito que na maioria das empresas é necessário ter conhecimentos também em relação de consumo e Direito Societário. Outro diferencial de empresas é que algumas oferecem programas de capacitação dos funcionários.
Na Softplan, temos programas de treinamentos e, em alguns casos, a empresa ajuda no pagamento de cursos. Eu considero muito importante uma empresa que se preocupa com a formação do colaborador e oferece apoio para a formação dos funcionários. Em breve começarei uma especialização em Direito Administrativo com o objetivo de atender melhor os interesses da empresa.
7 áreas do direito em forte ascensão no Brasil
- Direito Trabalhista;
- Recuperação judicial e de crédito;
- Compliance e ética;
- Direito Tributário;
- Direito do Entretenimento
- Desportivo;
- Mediação e Arbitragem
Carreiras públicas que advogados também podem exercer
- Juiz – Salário inicial: R$ 24.818,71 (TJ-SP) e R$ 27.500,17 (Tribunais Regionais Federais e Justiça Militar)
- Promotor de Justiça – Salário inicial: R$ 24.818 (MP-SP)
- Procurador da República – Salário inicial: R$ 28.947,55
- Procurador de Contas – Salário inicial: R$ 30.471 (TCE-SP)
- Procurador do Estado – Salário inicial: R$ 22.178,35
- Procurador do Município – R$ 28.076 (Na cidade de São Paulo)
- Defensor Público – Salário inicial: R$ 18.431,20 (São Paulo)
- Delegado de polícia – Salário inicial: R$ 10.079 (Polícia Civil em São Paulo) ou R$ 16.830,85 (Polícia Federal)
- Procurador no Banco Central – Salário inicial: R$ 17.330
- Procurador Federal – Salário inicial: R$ 17.330
- Procurador da Fazenda Nacional – Salário inicial: R$ 17.330
- Advogado da União – Salário inicial: R$ 17.330
- Tabelião de notas – Salário: Calculado com base nos lucros obtidos pelo cartório. Em 2015, um cartório de Brasília, por exemplo, faturou R$ 26 milhões ao longo do ano.
Iniciativa privada e carreiras não exclusivas (que podem ser exercidas por profissionais de outras áreas)
- Árbitro – Salário inicial: Varia de acordo com as arbitragens. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em litígios abaixo de R$ 8 milhões, o valor é de R$ 500 por hora trabalhada. Acima disso, a renda é variável.
- Pesquisador – Salário inicial: R$ 8.000
- Professor – Salário inicial: R$ 6.979 (USP) ou R$ 80 horas/aula em cursinhos preparatórios
- Consultor legislativo – Pode trabalhar no Senado, na Câmara dos Deputados, em Assembleias Legislativas ou na Câmara de Vereadores – Salário inicial: R$ 29.099,23 no Senado e R$ 28.570,79 na Câmara dos Deputados
- Conciliador – Salário inicial: Em São Paulo, é de R$ 47 para cada duas horas trabalhadas.
- Mediador – Salário inicial: Em São Paulo, é de R$ 47 cada duas horas trabalhadas
- Diplomata – Salário inicial: R$ 15.005,26
- Advogado corporativo – Salário inicial: em torno de R$ 5.000
- Advogado do terceiro setor – Salário inicial: R$ 4.000
- Consultor estratégico de startups – Salário inicial: R$ 5.700