A internet trouxe uma facilidade no dia a dia das empresas de diversos ramos, que foi a coleta de dados. Na advocacia, surgiu até mesmo uma nova maneira de atuar, que é o data-driven lawyer, ou seja, o advogado movido a dados.
Essa facilidade de acesso a informações é ponto de diversas discussões. Inclusive, em 2020, foi até tema do documentário “O dilema das redes”, na Netflix.
Isso porque, o fácil acesso trouxe principalmente a questão de invasão de privacidade à tona. Por conta disso, até mesmo foram criadas legislações que dispõe sobre o uso correto dos dados por empresas e instituições em vários países.
No Brasil, baseada na legislação europeia, foi promulgada a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que dispõe sobre o uso dos dados sensíveis.
A preocupação é válida, afinal, todos os dias, milhares de pessoas acessam a diversos sites e nem sequer leem as solicitações de uso de dados pelas empresas. De maneira geral, as empresas utilizam os dados pessoais dos visitantes a fim de formar uma base de potenciais clientes e, consequentemente, personalizar sua comunicação publicitária.
Mas não é apenas nesse sentido que a facilidade de acesso aos dados acontece.
A coleta, armazenamento e organização dos dados permite que as empresas tenham uma visão completa dos resultados e possíveis resultados, bem como, das atividades internas da empresa.
Isto posto, vou explicar neste artigo do que é o advogado movido por dados e como utilizar os dados na gestão de escritório de advocacia.
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Em primeiro lugar é importante entender que um advogado orientado por dados não é um profissional específico. Na verdade, todo um escritório pode ser data-driven lawyer. Isso porque, a orientação a dados é muito mais uma cultura do que qualquer outra coisa.
Em resumo, então, um escritório data-driven lawyer nada mais é do que um escritório que utiliza os dados que coleta, armazena e organiza de maneira inteligente e favorável aos resultados do mesmo.
Veja, os processos judiciais geram um volume altíssimo de dados, bem como, a administração da banca. Ocorre que, muitos escritórios de advocacia ainda não sabem como utilizar esses dados, e acabam perdendo oportunidades enormes.
Por outro lado, os escritórios que possuem um cultura data-driven utilizam os dados em seu favor e acabam alcançando o sucesso de maneira mais rápida.
Assim, se você deseja ter ainda mais sucesso em seu escritório de advocacia, talvez seja o momento de investir nesta cultura. Lembre-se que a cultura data-driven estará cada dia mais presente em nossas vidas, portanto, em algum momento, ela lhe acabará sendo essencial. Desse modo, quanto antes você a conhece e começa a utilizar, melhor.
Já falei brevemente que o uso de dados na advocacia é uma maneira eficaz de alavancar os resultados do seu escritório de advocacia, mas não explicitei exatamente como ela faz isso. Bem vamos lá!
Em primeiro lugar, é importante separar o uso de dados internos, do uso de dados externos, afinal, estes são utilizados pelo data-driven lawyer para diferentes atividades. Além disso, é importante lembrar que é necessário contar com programas de Legal Analytics que coletem, armazenem e organizem os dados, afinal, por mais que os dados sempre existiram, para analisá-los é necessário agrupá-los também.
Os dados internos tratam-se das informações referentes às atividades administrativas, como o fluxo de caixa e a gestão de pessoas. Assim, utilizar os dados nessas áreas pode te auxiliar a, por exemplo, identificar gaps de produtividade, de entregas, de resultados, etc.
Ademais, os dados financeiros, como fluxo de caixa pode te ajudar a identificar gastos desnecessários e a encontrar maneiras de economizar dinheiro.
Enfim, utilizar a cultura Data Driven Lawyer pode te ajudar a otimizar tempo e alavancar os resultados internos do escritório. Mas, e quanto aos dados externos? Quais são eles e como utilizá-los na gestão jurídica?
Já falamos sobre o uso de dados para a publicidade, não é mesmo? É importante dizer, então, que a advocacia não é isenta nesse sentido. Afinal, especialmente após a aprovação do provimento 205/2021 é possível utilizar algumas ações publicitárias no ramo.
Mas, para além disso, quando falamos em dados externos do escritório de advocacia estamos falando também, é claro, dos clientes. Ou seja, dos casos pelos quais o advogado ou a advogada é responsável. Com o uso de dados na advocacia, por exemplo, é possível visualizar quais as sentenças dos juízes em casos semelhantes aos seus.
Assim, é possível provisionar se o caso será favorável ou não, e até mesmo, qual será o valor em caso de decisões desfavoráveis.
Em resumo, o data-driven Lawyer traz inúmeras vantagens para o escritório de advocacia, já que é mais fácil analisar cada situação e encontrar soluções para melhorar cada vez mais os números do escritório.
O primeiro passo para tornar os colaboradores do seu escritório data-driven lawyers e, por consequência, seu escritório em uma data-driven law firm, é saber onde você quer chegar.
Sabendo isso, já é possível ter uma noção de quais ações serão necessárias para alcançar seus objetivos. Isto é, quais atividades vocês deixarão de lado ou diminuirão a frequência, quais vocês iniciarão ou intensificarão.
Para saber qual é e como chegar em seu objetivo, é claro é importante saber onde você está. Para isso, é importante selecionar alguns dias para fazer a análise de resultados e planejamento estratégico. Você pode aproveitar o recesso forense para isso, por exemplo, se o seu escritório não for adotar as “férias coletivas”.
Quando você já sabe onde está e onde quer chegar isso fica mais fácil, já que já sabe qual tipo de métrica utilizar. Se você ainda não sabe essas informações, então, primeiro deve dar um passo atrás e definir os pontos do tópico 1. Mas se não é caso, é o momento de definir quais métricas você irá acompanhar.
Por exemplo, se você acredita que precisa medir a produtividade dos colaboradores, é importante encontrar as métricas corretas para isso. Você pode usar métricas de produtividade como o Scrum, que pontua as atividades de cada colaborador.
Outra maneira também é fazendo a contagem de honorários, ou até, o acompanhamento das atividades via timesheet. É claro que em todos esses casos será importante tomar cuidados para não ser injusto no julgamento, portanto, se for o caso de gestão de pessoas, lembre-se que o acompanhamento com reuniões frequentes de colaborador e gestor são essenciais.
Em qualquer tipo de acompanhamento que você for fazer, lembre-se de tomar cuidado e ser flexível, afinal, nada é escrito em pedra, por isso, é importante saber analisar bem os resultados.
Veja, às vezes o número de clientes do seu escritório não aumentou, mas, o faturamento do escritório de advocacia sim.
Isto mostra que provavelmente, seu escritório está pegando casos maiores, assim sendo, os colaboradores estão passando mais tempo em um caso do que passavam antes, concorda?
Para resumir, é importante que um data-driven lawyer analise com calma cada um dos indicadores, para não tomar decisões precipitadas e que te façam cometer enganos.
Como eu estava dizendo, a análise dos dados não pode ser feita de qualquer maneira. Assim, para conseguir o melhor resultado desta análise, é importante organizar os dados da maneira correta.
É importante, então, manter uma frequência no acompanhamento e no preenchimento dos dados, nos casos em que for necessária a inclusão manual das informações.
Além disso, é importante que todas as equipes saibam o que os dados representam e possam visualizá-los com frequência, assim, já podem perceber gaps e buscar resolvê-los, com mais autonomia para a melhoria do próprio trabalho. Dessa forma, você estará estimulando também o colaborador a se tornar um data-driven lawyer de verdade.
É importante lembrar que nenhum data-driven lawyer faz esse acompanhamento sem a ajuda da tecnologia. Assim, contar com um Power BI que te mostra os dados recolhidos em gráficos e Dahsboards, onde você pode ver as informações detalhadamente é essencial.
Além disso, sistemas de jurimetria e outros que auxiliam na gestão do escritório de advocacia, como um software jurídico também são maneiras de acompanhar os resultados do escritório de modo ágil e prático.
O Direito 5.0 trata-se da humanização da prática jurídica. Já a cultura data-driven lawyer traz o uso dos dados e da tecnologia para analisar os resultados do escritório. De fato, parece que são culturas que se contradizem, mas não é isso que acontece.
Vimos um boom do uso de tecnologias na área jurídica e isso causou muito medo em alguns advogados e advogadas. Apesar disso, já entramos no que chamamos advocacia 5.0. Isto porque, este novo modo de atuar no jurídico trata-se de entender que a tecnologia é, na realidade, uma maneira complementar as atividades humanas, portanto, deve ser utilizada como ferramenta para potencializar o trabalho, e não o contrário.
A tecnologia não vem para substituir o trabalho na advocacia, mas para facilitar o trabalho dos advogados e advogadas.