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Sejamos data driven na gestão jurídica, mesmo que tupiniquins

Um dos termos do momento é ser data driven, ou seja, algo orientado aos dados. Já temos marketing data driven, jurídico data driven, escritórios data driven, gestão data driven…

Para ser orientado aos dados, um escritório necessita amplamente do dado de forma estruturada, e é imprescindível o dado estar de forma concatenada e principalmente o estar disponível e ser entregue quando necessário, quando estratégico, de forma clara, objetiva e direta: de forma simples!

O termo pode ser novo, mas bem conhecido de quem lida com gestão e tecnologia (eu, por exemplo, desde 1997 nesta lida diária): não basta ter a informação, a informação precisa virar um dado e para isto é indissociável a gestão antes de qualquer outro elemento tecnológico.

Temos no mercado muitas empresas que vendem a solução de tecnologia como sendo algo mágico, algo que ninguém nunca pensou antes, algo disruptivo… Mas, quando analisamos o trabalho, não passa de estruturação de dados com foco em indicadores, gestão e uma pitada de automação ou quiçá (e quem dera, pois na maioria das vezes não é) com inteligência artificial.

Daí a importância de desmitificar o termo data driven para que ele seja realmente usado para o bem das empresas e escritórios.

Para ser um negócio data driven comece pelo básico, entenda quais são os seus dados. Entenda aonde eles estão armazenados, compreenda como hoje os softwares ou pessoas lidam com eles para usá-los no dia a dia.

Após este diagnóstico, comece a estruturação dos dados, ou seja, dar a eles formas inteligentes de lançamento, arquivo e busca deste dado posteriormente.

Posteriormente, você começará a ter informações mais claras sobre os dados e a partir disto você será um negócio data driven, por ser um negócio orientado aos dados.

Só não esqueça que somente os dados não devem dizer o como administrar o negócio. Dados, informações, indicadores, ou se preferir data driven e KPI’s são úteis, mas no negócio temos outras variáveis, e a principal delas são as pessoas.

Não há data driven que sobreviva sem que as pessoas tenham aderência à cultura do dado, do lançamento correto, da não manipulação dos dados e por aí vai.

Por tudo isto, além de ser data driven e insistir na cultura das pessoas, monte uma controladoria para que existam pessoas verificando se a cultura é mantida, se os dados ainda são extraídos adequadamente, enfim, se tudo está no lugar.

Ufa!

Não é simples ser data driven. Nem mesmo uma versão tupiniquim do termo.

Entretanto, é viável, possível, é necessário que possamos evoluir nesta cultura sistematicamente, até porque a cada dia aprendemos novas maneiras de lidar com os dados.

Quem há alguns poucos anos atrás diria que softwares podem capturar, processar, indexar e projetar dados de forma a prever julgados?

E sem nem receber a citação saber se existe ação contra determinada pessoa?

Coletar valores envolvidos, depósitos judiciais, ou qualquer outro dado relevante para que o escritório ou departamento jurídico possa tomar as informações de forma estratégica?

Ainda temos muito a evoluir e a tecnologia a nos apresentar e surpreender.

Contudo, não esquece do básico: Gestão, pessoas e tecnologia. Nesta ordem é que realmente funciona o data driven, o software, a controladoria, a cultura.

Bora fazer o futuro hoje?

Foca no projeto, na gestão, nas pessoas e na tecnologia e deixa os termos para quem gosta de termos, pois o que realmente importa é o caminho que nos levará aos acertos acertados após alguns erros errados (licença poética de final de artigo)!

Gustavo Rocha é CEO da Consultora Gustavorocha.com – Gestão, Tecnologia e Marketing Estratégicos. Escreve ao blog da Projuris mensalmente.