O que mercado jurídico espera: especializar-se ou abrir-se para uma advocacia mais genérica? Essa é uma das perguntas que eu mais escuto nos meus processos de coaching para advogados e advogadas.
Trata-se de uma dúvida que não atinge apenas jovens advogados. E aqui me refiro aos que tem menos de 05 anos de advocacia. Mas também atinge os profissionais mais maduros com seus 10 a 20 anos de advocacia vividos. Sim, porque o mercado jurídico nos últimos 5 anos tem modificado profundamente. E exige, assim, de nós profissionais, como já abordamos em artigos publicados aqui no blog anteriormente, constantes redirecionamentos na atuação, novos estudos, cursos, aprimoramentos que parecem não ter fim!
Basicamente, essa é a dinâmica de um mundo que tem pressa. Ou seja, de pessoas ávidas por respostas prontas, soluções integradas, rápidas, eficientes, baratas, enfim, de um profissional ideal! Mas será que somos esse profissional ideal para nossos clientes? Será que o mercado enxerga nossos valores, objetivos e nossa visão de advocacia é compreendida?
Nesse contexto, como podemos nos posicionar melhor: como generalistas que podem responder perguntas e solucionar conflitos em qualquer área do direito ou como especialistas que só resolvem essa ou aquela demanda jurídica?
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Eu diria, com minha experiência de 13 anos de advocacia, que nem tanto ao céu nem tanto a terra! Esclarecendo: evidente que temos nossas áreas de atuação com as quais simpatizamos muito e que, portanto, fica prazeroso atuar e estudar… mas nem sempre a nossa área de atuação é a mais “fácil” de alcançar cliente, dizem alguns colegas…
Por exemplo, muitos colegas ao se formaram decidem atuar logo na área trabalhista por que o retorno financeiro é mais interessante. Muitas vezes, nem tem experiência ainda para dizerem se realmente gostam da área. Por questões práticas e do mercado jurídico, contudo, acabam atuando numa área que sinaliza maior rentabilidade a curto prazo. Sim, nós temos pressa!
Outras áreas bastante procuradas são o Direito Previdenciário e o Tributário. Normalmente os argumentos são: poucas audiências, matéria de direito, jurisprudência normalmente estável e por aí vai…
Direito do consumidor, para muitos, é o lugar comum que todo advogado e advogada devem atuar, sobretudo aos que se formaram recentemente, afinal de contas, quem não está inserido numa relação de consumo e não tem problemas a resolver?
Diante de tantas áreas do Direito, nos últimos anos, é natural ao profissional ficar indeciso quanto ao seu local no mercado jurídico. Isso porque pode demandar dele mudanças radicais como, por exemplo, mudança de sede do seu escritório ou até dispensar uma sede fixa. Trabalhar num co-working, por exemplo, o que traria um custo de advocacia baixíssimo.
Se você pretende atuar com assessoria ou consultoria empresarial, não necessariamente o advogado necessitará de um escritório com sede fixa. Afinal, pode dirigir-se à sede do seu cliente e de lá oferecer seu trabalho com qualidade e a técnica a um custo mais baixo. Todavia, se o advogado ou a advogada optar por demandas que atendam mais pessoas física, como direito de família e sucessões, consumidor, trabalhista para empregado, direito da saúde, talvez seja importante receber o cliente no seu escritório e ali fixar sua advocacia. Portanto, a referência geográfica seria um fator importante para a carreira
Há, enfim, muitas opções de atuação, inclusive na advocacia. E isto torna o Direito, então, uma formação acadêmica muito procurada. Nós advogados, contudo, corremos o risco de ficarmos ou muito especialistas e correr o risco de uma retração demandas, como ocorreu recentemente com nossos colegas que atuam na área trabalhista se sentiram os efeitos negativos da Reforma Trabalhista, como diminuição do número de ações trabalhistas, ou de não nos especializarmos e ficarmos numa atuação superficial em todas as áreas, deixando de sermos reconhecidos por uma atuação mais qualificada numa determinada área.
Dessa forma, a minha sugestão quanto à atuação no mercado jurídico seria começar a carreira de uma forma mais generalista. Experimentar a atuação em algumas áreas pode ser uma boa opção inicial, se eleitas de acordo com a vocação de cada um. Afinal dificilmente um criminalista atuará na área de família e sucessões. É difícil, mas não impossível. E com o tempo, a partir da experiência, o advogado vai se especializando em determinada área do Direito. Torna-se assim uma referência num determinado nicho. Agrega qualificação técnica e acadêmica na área. E assim, conquista uma reputação e credibilidade que o colocarão num outro patamar de advocacia.
Esse segundo caminho é resultado de uma conquista, de uma experiência. E desse modo, agrega ao profissional não apenas aspectos teóricos da área escolhida, mas também conhecimentos práticos valorosos, que só a experiência pode gerar.
Há, entretanto, outro aspecto que merece ser considerado no momento da escolha. Afinal, as aptidões exercem um grande peso na tomada de decisão quanto à carreira jurídica. Contudo, é preciso analisar, também, as condições do mercado jurídico para, com base nisso, decidir onde e como atuar.
Outro aspecto relevante em relação à dúvida entre ser um especialista ou generalista, portanto, é com relação ao local de atuação. Observa-se que se você atua em cidades menores, do interior, muitas vezes um especialista pode não ter lugar. Talvez não haja demandas suficientes para atuar apenas em uma área, por exemplo. Ou talvez se possa aproveitar melhor as demandas ali recorrentes…
Enquanto isso nas capitais, ou em cidades maiores, com comércio e indústria bem desenvolvidos, é preciso estar atento nas necessidades da sociedade. Além das populações maiores, o que implica também no número de clientes em determinada espécie de demanda, pode haver questões diferentes a serem tuteladas pelos profissionais. Ou seja, talvez a complexidade seja maior, embora também o seja a competitividade. Talvez, portanto, seja extremamente viável a atuação em nichos, como Direito Imobiliário, Direito Médico, Ambiental, gás e petróleo, etc.
Nos dois caminhos encontraremos vantagens e desvantagens. Não há uma saída. O importante é analisar o local onde se vai atuar, entender as necessidades dos habitantes locais, e escolher um deles. Deve-se encarar a advocacia de forma mais estratégica, produzir conteúdo de qualidade, quando possível, nas áreas de atuação, e saber que a qualquer momento a vida pode demandar outros horizontes aos quais precisamos estar preparados a olhar e seguir.
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