Desde o oráculo de Delfos até as atuais “sensitivas”, a previsão do futuro é algo que permeia a humanidade. Fato é que, apesar do misticismo, a previsão do futuro é científica, não por meio de visões, leitura de cartas ou horóscopo, mas sim por meio do estudo comportamental e de novas tecnologias que permitem aos cientistas dizer para onde estes nos levarão. É dessa maneira Richard Susskind se atreveu, ainda nos anos 80, a prever o futuro da advocacia.
Susskind não teve visões, não consultou uma bola de cristal, nem leu cartas de tarô. Apenas observou o comportamento da sociedade e para onde as inovações estavam caminhando, com um recorte específico do mundo jurídico.
Foi por meio de diversos estudos que o pesquisador percebeu que, futuramente, a advocacia será muito diferente do que é hoje, com demandas muito menores para advogados e advogadas, mas com um aumento considerável de profissionais jurídico-tecnológicos.
Quer saber mais sobre o que Rishard Susskind previu sobre o futuro da advocacia? Continue a leitura e comece já a se preparar para este novo momento da profissão.
O pesquisador britânico Richard Susskind é bacharel em Direito pela universidade de Glasgow e doutor em Direito e computadores pela universidade de Oxford. Além disso, ele é professor, palestrante, escritor e conselheiro de inúmeras empresas e órgãos públicos.
É a maior referência em pesquisas sobre o futuro da advocacia e modernização da área jurídica, tendo escrito os livros:
Uma das principais previsões de Richard Susskind para o futuro da advocacia foi visto com grande força em 2020, após a pandemia do covid-19, que é a automatização/modernização das atividades jurídicas.
Ainda assim, Susskind diz que “colocar os tribunais no zoom não é uma mudança de paradigma e será necessário muitas outras mudanças para que os profissionais do ramo jurídico se reinventem e acompanhem as transformações sociais.
Para Susskind, nós temos um sistema jurídico no mundo que não funciona e que não muda. O professor acredita que, apesar de estarmos aqui, podemos começar a mudar o mindset e construir um novo sistema judiciário, “nós estamos aqui, mas podemos escolher estar em outro lugar”, afirma o pesquisador.
E é nesse caminho que Susskind defende que, estar em outro lugar pode ter início com a liberação dos serviços jurídicos para não advogados. Inclusive, algumas cidades e países já começaram essa mudança, por exemplo, a Inglaterra e o país de Gales.
Apesar de ser um defensor da tecnologia, quando se fala em cortes, o professor afirma que ainda é cedo para afirmar que as audiências virtuais possam ser utilizadas para todos os casos judiciais, por exemplo, em casos de processos criminais, podem ser ainda necessárias as audiências presenciais.
Nesse sentido, também, Richard prevê o surgimento de novos profissionais do meio jurídico e a presença de advogados e advogadas para demandas maiores, como em casos de processos criminais. Vejamos algumas das profissões que Richard Susskind aponta como importantes para o mercado jurídico no futuro:
Quando fez suas previsões, Richard disse estarmos caminhando. Hoje podemo dizer que já estamos na era em que as funções dependem de dados. Isso significa que as informações e atividades serão cada dia mais padronizadores e computadorizados. Logo, a demanda por profissionais que unam a prática jurídica e o conhecimento tecnológico será autíssima. Assim, veremos uma nova leva de profissionais denominados engenheiros jurídicos.
Com a pandemia, observou-se que a prática jurídica é completamente dependente da tecnologia. E isso não mudará com a volta à normalidade. Na realidade, a pandemia trouxe uma nova perspectiva para o mercado jurídico, mostrando a possibilidade de atuação por meio da tecnologia.
Assim sendo, Richard Susskind diz que surgirão os tecnólogos jurídicos. Estes, serão profissionais capacitados tanto para a prática jurídica quanto para a engenharia de sistemas e gestão de inovação tecnológica.
Profissionais especializados em análise de processos jurídicos, segundo Richard Susskind, serão cada vez mais comuns em escritórios de advocacia e departamentos jurídicos. Eles também serão responsáveis pelo controle dos documentos e peças processuais.
Apesar de já ser uma realidade no mercado da advocacia, Richard Susskind fala que o gerente de projetos jurídicos é um dos profissionais que irão compor o mercado da advocacia no futuro. O nome não pode até mudar, mas a função deste profissional será de acompanhar o andamento das entregas em escritórios de advocacia e departamentos jurídicos, garantindo o cumprimento de prazos e entregas de qualidade.
Como falado no primeiro tópico, os dados também já são uma realidade na advocacia, assim como a Inteligência Artificial (IA) e a análise preditiva. Mas, Richard Susskind acredita que este profissional será indispensável no futuro da advocacia. Este profissional irá aliar conhecimentos jurídicos, com conhecimentos matemáticos, linguagem de programação, etc.
Assim, este profissional será o responsável por identificar padrões de comportamento em processos, tendências, correlacionar insights, etc.
Hoje, já se entendeu que a internet não é “terra de ninguém” que a necessidade de regulamentações acerca do uso de dados e das redes. Em diversos países criaram-se leis para a proteção de dados, como a LGPD no Brasil.
Mas, os conflitos online já começaram a encaminhar-se para resoluções e aplicação de leis sobre o comportamento social na internet.
É nesse sentido que Richard Susskind afirma que no futuro será essencial contar com profissionais especialistas em conflitos que surgem no ambiente virtual.
Com esse caminho, gerir – e prevenir – riscos será um trabalho ainda mais valorizado. Assim, para Susskind, profissionais que fazem revisão de riscos, avaliação de litígios, auditorias de compliance e análise de compromissos contratuais será ainda mais valorizado.
Uma profissão que já está em alta são os consultores de gestão jurídica. Estes profissionais estarão ainda mais em alta, segundo aposta Richard Susskind, afinal, os advogados e advogadas estarão, cada dia mais olhando seus escritórios de advocacia como empresas.
Quando se fala sobre o futuro da advocacia, muitos advogados e advogadas ficam assustados, afinal, a projeção de Richard Susskind mostra a advocacia com um papel bem menos expressivo.
Acontece que, enquanto a demanda por advogados e advogadas diminui, novas portas no meio jurídico se abrem. Para isso, é importante preparar o seu escritório para ser uma empresa mais plural e adequada às novas demandas do mercado. Vamos ver como?
A pandemia nos mostrou que, é sim, possível atuar na advocacia de qualquer lugar. Portanto, adotar sistemas que permitam fazer a gestão do escritório de advocacia totalmente online é essencial.
Um software jurídico, por exemplo, permite que você acesse todas as informações e realize todas as atividades, independente de onde você estiver. Isso porque, esses programas contam com a tecnologia do armazenamento em nuvem.
Imagine poder atuar como advogado de qualquer lugar do mundo? O sonho de um intercâmbio, por exemplo, pode ser realizar devido às tecnologias.
Você já viu que, segundo Richard Susskind, a prática jurídica será cada vez mais multidisciplinar. Então, por que não começar a adotar isso desde já? O Brasil já conta com inúmeros profissionais de compliance, engenheiros jurídicos, controllers jurídicos, etc.
Além disso, profissionais fora do ramo jurídico também podem ser implementados na equipe a fim de organizar melhor o time, cuidar das finanças e fazer o marketing do escritório.
Comece já a contratar essas pessoas e saia à frente da concorrência.
Utilizar o marketing de conteúdo na advocacia é o mesmo que “matar dois coelhos com uma cajadada”, uma vez que, além de divulgar seu escritório, você contribui com a democratização do conhecimento.
Veja bem, às vezes, um potencial cliente não está interessado em fazer uma consultoria jurídica, mas apenas em entender um pouco melhor sobre um assunto, tirar uma dúvida prática, etc.
Assim, não vale a pena perder o seu tempo e o dele marcando uma reunião, para que ele tire uma dúvida que poderia estar em um texto na web.
Lembre-se, a sua concorrência está escrevendo artigos para os leads e ofertando o que você não está. Quando este cliente, realmente, precisar de serviços jurídicos, não será você que ele irá procurar, mas sim, o seu concorrente que ofereceu algo gratuitamente primeiro.
Para finalizar, então, deixo a indicação de um vídeo do professor Richar Susskind, onde ele fala sobre o tema: