O Jurídico corporativo e o Blitzscaling

08/11/2017
 / 
14/10/2024
 / 
6 minutos

O mercado tende a se comunicar através de terminologias. Você com certeza já deve ter se deparado com uma esta semana, talvez, dada a quantidade de conceitos e expressões de negócios.

Estas palavras e expressões podem ser desde meras traduções (bugdet, deadline, feedback, follow-up) até um termo que simplifique conceitos profundos e práticas abrangentes. São os casos, por exemplo, de Big Data, Inteligência Emocional e do Blitzscaling, assunto do momento nas convenções de negócio.

O Blitzscaling é um conceito estratégico que organiza a trajetória de um negócio do início até sua conquista do mercado global. Ou, nas palavras de Reid Hoffman, fundador do LinkedIn e membro do conselho da Endeavor Global, o blitzscaling é “a ciência e arte de construir em alta velocidade empresas que servem a um mercado global.”

Para começar, o raciocínio cria a linha cronológica de um negócio em 5 etapas: família, tribo, vila, cidade e nação, divididas a partir de atributos financeiros e estruturais de um negócio, como no exemplo abaixo.

Fonte da imagem: Vox Group.

Seria simples, no entanto, se o blitzscaling fosse utilizado apenas como um mapa para que empresas identificassem seu local no mercado ou traçasse planos de evolução de etapa. Mais que isso, ele pretende revelar os desafios e caminhos que um negócio enfrenta em cada uma delas.

Não faz sentido, por exemplo, que uma organização na etapa ‘tribo’, com um time de 10 pessoas, pense em escalar agressivamente seu produto, pois provavelmente não possui estrutura para suportar uma grande demanda de clientes ou um produto que ofereça 100% de desempenho.

Os resultados precisam ser adequados para que a empresa continue a crescer sustentavelmente, sem dar “um passo maior que o pé”.

Cada uma das 5 etapas tem barreiras a serem superadas para o próximo passo. Segundo o blitzscaling, por exemplo, é só na 3ª etapa (Vila) que a empresa estará preparada para uma escalada rápida.

É o momento adequado para ousar mais na estratégia de oferta e pensar em lançamentos pioneiros no mercado para agregar valor, fortalecer a política de adaptabilidade e cultura da equipe acompanhado de um RH mais dinâmico para expandir a força de trabalho da empresa.

Claro que o panorama oferecido pelo blitzcaling é o ideal, mas nem sempre acontece conforme a ‘fórmula’. Algumas empresas demoram mais para subir ao grau mais alto (nação), outras têm características intrínsecas de tribo. A questão, no entanto, é a preparação.

Por isso, e devido ao jurídico ser uma peça importante da empresa, parte imprescindível da estratégia de uma organização, criamos este conteúdo para demonstrar como o jurídico da sua organização pode se adaptar de acordo com cada etapa do blitzcaling, etapa por etapa.

Fase 1 – Família

Principal característica: etapa inicial do negócio, a fase ‘Família’ toca à concepção do produto, identificação do seu Market Fit e leitura do mercado. E claro, contratar os primeiros funcionários e ter as primeiras definições da matéria prima que dará origem à sua oferta.

Papel do jurídico: sendo de pequeno porte, com geralmente uma pessoa, não haverá uma atuação jurídica interna do negócio nesta etapa. Aqui o advogado irá cuidar ‘de fora’ do novo negócio, adequando a oferta aos limites do mercado, assegurando que o novo produto/serviço ofereça, desde o começo, os cuidados legais necessários (termos, garantias, contingência). A consultoria jurídica auxilará que o negócio comece corretamente.

Fase 2 – Tribo

Principal característica: nesta fase já é possível cruzar os primeiros resultados da impressão inicial do seu Market Fit com as primeiras respostas do mercado. Com uma visão mais assertiva, é o momento de ampliar seu time, investir em iniciativas de marketing e branding e aprimorar o desenvolvimento.

Papel do jurídico: nem sempre acontece, mas esta é a fase ideal para que o departamento jurídico da empresa seja ativado, já que, com as contratações, haverão os primeiros desafios trabalhistas.

Assim como na etapa anterior, o advogado corporativo continua como um guardião da empresa, para que ela se prepare para escalar sem problemas legais e com as devidas proteções intelectuais da sua oferta.

Fase 3 – Vila

Principal característica: como já foi dito no texto, este é um momento de ‘virada de chave’ para a organização. Um momento importante para escalar seu negócio, captar investimentos e ter um foco especial no time de sucesso que representará o seu produto/serviço.

Papel do jurídico: escalar significa se arriscar no mercado, e é responsabilidade do departamento jurídico fazer com que esta movimentação seja feita com segurança e dentro dos parâmetros legais.

Também é o princípio da atuação do jurídico em questões mais estratégias, como o planejamento tributário, planejamento de recurso intelectual e de intervenção com a concorrência para defesa da marca.

Fase 4 – Cidade

Principal característica: o ponto principal deste momento é procurar ‘subir a barra em tudo’, potencializando os resultados e, principalmente, criando processos e rotinas menos burocráticas e mais produtivas para o seu negócio. Para isso, é importante encontrar as melhores ferramentas, os melhores métodos e ter uma boa estratégia de alinhamento de cultura corporativa na empresa.

Papel do jurídico: o advogado corporativo, que era um dos pilares basilares da empresa, garantindo um crescimento sustentável, aqui ganha perfil de gestor. É imprescindível, por exemplo, um software jurídico para o departamento jurídico para controlar a produtividade, os resultados e o provisionamento da empresa.

Afinal, é necessário ser mais eficiente e saber utilizar as ferramentas certas para controlar o grande volume de trabalho. É indicado também que os advogados exercitem, através de cursos, inteligência financeira e administrativa, assim ele se aproxima de uma compreensão orgânica da empresa. A propósito, fizemos um teste: você é um advogado corporativo que conhece a sua empresa?

Fase 5 – Nação

Principal característica: outra ‘virada de chave’ da empresa e um momento muito importante para a organização, é quando transcender a geografia do seu país e buscar espaço global. Para isto, claro, os desafios serão arrojados.

É preciso de uma compreensão do seu Market Fit a nível global, e fazer com que os valores da empresa, critérios de qualidade e desempenho se adequem a uma escala global, levando a cultura de cada região em consideração.

Papel do jurídico: manter a visão de negócio do item anterior, claro, mas aqui você precisa acompanhar a evolução cultural que sua empresa terá a nível global, entendendo do Market Fit, e principalmente, compreender as novas técnicas e abordagens jurídicas do lugar para qual a empresa está se movimentando.

Lembre-se que a empresa não conhece este novo lugar, é tudo novo para ela, e é preciso que você, profissional jurídico, dê a segurança para que a empresa possa fazer esta mudança crescer sem ferir sua reputação.

Use as estrelas para avaliar

Média 0 / 5. 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Deixe um comentário