Better Call Saul é uma série de TV americana criada por Vince Gilligan e Peter Gould.
A produção é um spin-off, ou seja, uma série que conflui de outra. Mais especificamente, outro trabalho da mesma dupla de diretores: Breaking Bad, produção que recebeu mais de 30 prêmios e que entrou, inclusive, para o livro dos recordes em 2014 como o seriado mais bem avaliado de todos os tempos pela crítica.
A segunda temporada da série sobre advogados Better Call Saul estreia hoje, dia 16 de fevereiro, e já mobiliza um grande número de fãs. Entre eles, muitos advogados. Quer saber por que?
O enredo se passa em 2002, seis anos da “série-matriz” Breaking Bad, e conta a história de Jimmy McGill, um advogado em início de carreira que possui um passado nebuloso, onde aplicava pequenos golpes. McGill decide mudar de cidade e ir trabalhar com o irmão no seu grande e próspero escritório de advocacia, o Hamlin, Hamlin & McGill.
Ele conquista seu diploma e começa a atuar no direito ao mesmo tempo que cuida do seu irmão, que possui uma doença rara que o afasta do escritório.
O que conquista os telespectadores são os dilemas que o protagonista sofre e sua caminhada espinhenta no mercado de trabalho até se transformar em Saul Goodman, o homem responsável por colocar “criminosos” dentro da lei, com seu slogan memorável: Better Call Saul (melhor ligar para o Saul).
O seriado corre moralmente em uma linha tênue episódio após episódio, e até causa desconfiança em algumas pessoas a princípio, que não concordam com as atitudes de Jimmy McGill.
Mas sem dúvida Better Call Saul é um retrato no mínimo admissível dos bastidores dos grandes escritórios e da vida de jovens profissionais e pode ensinar muita coisa a advogados, aos de início de carreira e aos mais experientes. Confira quatro exemplos.
Foque em um nicho
Quando McGill começa sua carreira como advogado habilitado, se depara com a concorrência sufocante da cidade de Albuquerque. Com seu irmão fora da Hamlin, Hamlin & McGill, o jovem advogado se encontra sem oportunidade de ingressar no escritório e, por não ter muita experiência e recursos, com poucas chances de conseguir defender grandes causas.
Até que encontra um campo promissor: defender o direito das pessoas idosas, que geralmente são ignorados. Ali McGill encontra um cenário frutífero e cria suas relações profissionais.
Seu interesse continua sendo ingressar em um grande escritório, mas sua realidade pede que ele procure e se encaixe em uma oportunidade. É o que ele faz. E é o que subsidia sua corrida rumo às grandes causas.
Faça bons contatos
Ao longo da série, muitos trabalhos nos quais McGill se envolve são indicações de uma colega. A própria ideia de começar a trabalhar com pessoas mais velhas foi uma recomendação. E a partir disso o advogado estrutura sua carreira, encontrando oportunidades dentro das oportunidades.
A escalada de sua carreira não é uma obra individual, mas coletiva. Você já ouviu aquele ditado: “Amigos, tenha poucos e bons”? Pois é, no mundo dos negócios ele se encaixa bem.
Não porque a ideia é ter poucos contatos. Muito pelo contrário, quanto mais pessoas atrair para sua rede melhor. Mas o conceito principal é que seus contatos devem ser substanciais, relevantes, de qualidade.
Saiba negociar
No segundo episódio da série, Jimmy e outros dois skatistas são feitos reféns de Tuco Salamanca, um traficante, após uma tentativa de golpe. No momento de puni-los, Tuco é desafiado por McGill a um jogo de argumentação.
O advogado começa a criar novas perspectivas e traz para a conversa conceitos de justiça e punição. Assim, não negando seu erro, McGill consegue uma sentença adequada ao seu caso.
A cena é cômica e talvez uma das mais épicas da história dos seriados, mas por trás apresenta uma das facetas mais importantes de um advogado: a negociação.
O advogado que sabe negociar, argumentar e criar novas perspectivas tem o poder de encantar pessoas.
Vida pessoal x vida profissional
Como foi supracitado, Jimmy McGill possui um passado conturbado.
O abandono da antiga cidade, a perda de um dos seus melhores amigos, os cuidados diários que tem de prestar ao irmão doente e o impedimento de trabalhar em sua empresa, além da dificuldade econômica o assombra, obrigando-o a morar nos fundos de um salão de beleza.
Tudo isso é motivo suficiente para McGill desistir ou voltar à vida de trapaças com qual se sustentou durante anos.
Mas sua paixão pelo direito, perceptivelmente crescente ao longo da série, faz com que tenha a parcimônia em lidar com seus casos com bom humor e de modo atencioso.
Essas sucessivas voltas por cima são retratadas em dezenas de repetições da cena em que McGill acorda, vai para frente do espelho e diz “It’s Showtime, Folks!”.
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